Parashá Côrach 

Parashá Côrach   (קרַח)
Nm:16:1 -18:32   Bemidbar  (No Deserto)
1 Sm. 11:14-12:22, Lc 19:1-20:47                               

A Parashat Côrach Resumida

A Parashá Côrach começa com a rebelião liderada por Côrach contra seus primos, Moshê e Aharon, alegando que os dois haviam usurpado o poder do restante do povo judeu.

Após tentar convencer os rebeldes a uma retirada, Moshê diz aos dissidentes e a Aharon que cada um deve oferecer incenso a D’us. A oferta do verdadeiro líder seria aceita por D’us, enquanto que o restante do povo teria uma morte não natural.

A um pedido de Moshê, D’us faz com que a terra miraculosamente se abra e engula Côrach, enquanto o restante dos líderes da rebelião são consumidos por uma chama enviada por D’us. Quando os sobreviventes reclamam sobre a morte em massa, D’us ameaça destruí-los também, e irrompe uma peste.

Mais uma vez, Moshê e Aharon intervêm, orando para impedir a extinção do resto do povo. Deste modo, e com o miraculoso brotar do cajado de Aharon dentre todos os outros líderes, Moshê e Aharon provam ser os escolhidos.

O papel de Aharon como Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) é reiterado, e a Torá descreve as ofertas a serem concedidas aos Sacerdotes ,Cohanim como recompensa por seu serviço no Mishcan (Tabernáculo), incluindo o direito de comer determinadas porções dos Corbanot (Sacrifícios).

Os Levitas devem também ser sustentados pela sua dedicação recebendo ma’asser, ou a décima parte de todas as colheitas produzidas pelo povo na Terra de Israel.

Lições da Parashat Côrach

“Os líderes da rebelião ficaram perante Moshê com duzentos e cinqüenta homens dos Filhos de Israel, líderes da congregação, aqueles convocados para a reunião, varões de renome” Bamidbar Nm 16:2.  

Finja que você é um dos duzentos e cinqüenta homens que estavam lutando por “direitos iguais” sob o comando de Côrach. Como estes homens eram líderes, pode-se presumir que eram pessoas inteligentes; a maioria dos líderes da história o foi.

Portanto, coloque-se no lugar deles. Côrach vem até você e o convida a juntar-se a uma rebelião contra Moshê e os Sacerdotes, Cohanim. Você provavelmente perguntaria: “Estamos lutando contra o quê?” A resposta seria:

“Não é justo que os Cohanim sejam os únicos a realizar o serviço de D’us no Mishcan. Creio que todos deveriam ter permissão de participar.”

Caso eu fosse um daqueles líderes diria: “Côrach, você teve uma esta ideia , mas creio que deixarei não vou participar, pois afinal, o Eterno disse que qualquer não-cohen que realize o serviço morrerá, portanto, eu não quero arriscar-me.”

Mas todos eles concordaram em participar da rebelião e realizar o serviço proibido, e todos morreram. O que levou pessoas ditas inteligentes a fazer algo tão insensato?

Além disso, parece que a porção desta semana da Torá sai um pouco do rumo para enfatizar a importância daquelas pessoas que se rebelaram contra Moshê.

Isto é uma publicidade muito negativa para os judeus mencionarem eternamente que foram alguns de seus maiores líderes que se rebelaram.

Por que a Torá passa ao mundo esta informação pejorativa sobre nossos ancestrais?

Para encontrar uma resposta à esta pergunta, devemos primeiro entender a situação dos líderes do passado. Imagine que além de você ser inteligente, você é extremamente rico. Após adquirir tudo aquilo que seu coração deseja, ainda lhe sobra uma soma incontável.

Você tem tudo que o dinheiro pode comprar, mas não tem poder. O sentimento de inveja começa a roê-lo lentamente por dentro, e você se torna deprimido.

É exatamente contra este cenário que a Torá está nos advertindo. Côrach e seu grupo tinham tudo que poderiam desejar – riqueza, honra, prestígio – tudo exceto o direito de participar no serviço do Templo.

Isso estava reservado para os Cohanim, e ninguém podia comprar aquele cargo.

Os rabinos em Pirkê Avot (Ética dos Pais 4:28) ensinam que “inveja, obsseção e a busca da honra removem uma pessoa deste mundo.”

Imagino como deve ter sido difícil verem os Cohanim fazendo o serviço no Templo, enquanto eles tinham de estar longe da área sagrada.

“Imagino o guarda dizendo: “Sinto muito, mas nenhum não-Cohen pode passar deste ponto,” . O desejo de fazer o trabalho do Cohen e ter esta honra reservada somente aos Cohanim certamente alimentou esta inveja.

Agora podemos avaliar por que eles agiram assim, mas ainda não sabemos o que motivou pessoas inteligentes a ignorarem a obediência ao Eterno sem muita reflexão.

Talvez estes homens estivessem cegos. A inveja é muitas vezes comparada a uma chama que queima por dentro de alguém. Como uma pequena chama, a inveja devora a pessoa e rapidamente cresce até um fogo incontrolável.

É claro que estes homens não eram tolos. Na verdade, alguns eram até brilhantes, mas estavam cegos.

Com esta ideia  podemos entender por que a Torá sai um pouco do rumo para contar-nos como eles eram notáveis. A Torá deseja enfatizar que mesmo pessoas notáveis podem ficar cegas pelos seus desejos. 

A Torá está nos advertindo que mesmo nossos maiores líderes, não podem deixar-se enganar pensando que somos melhores que o grupo de Côrach. Se eles puderam ignorar o óbvio, também nós podemos.

Então, o que podemos fazer para proteger-nos? O Talmud (Tratado Sanhedrin 109b) conta-nos uma história interessante sobre um dos rebelados de Côrach, On ben Pelet (mencionado no primeiro versículo) que havia planejado participar da rebelião com o restante dos líderes.

Entretanto, sua sábia mulher persuadiu-o a não participar, argumentando que mesmo que a rebelião fosse bem sucedida, Côrach seria aquele a dominar, e On permaneceria submisso a ele, assim como já era a Moshê. Isso trouxe juízo a On, e com a ajuda da esposa, sua vida foi salva. (Talmud Sanhedrin Chelec).

Provérbios 14:1 Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos.

Procurar conselho com pessoas sábias antes de agir, trocar ideias com alguém, pedir conselhos. Ao praticar a lição que nos foi ensinada pelo grupo de Côrach, estaremos mais preparados para enfrentar os grandes desafios vida.

Quem era Côrach :  Após o pecado do Bezerro de Ouro, o privilégio de servir no Tabernáculo foi dado à única tribo que não aderiu ao culto pagão, os levitas.

Esta tribo foi dividida em dois grupos:
Cohanim  – Composto de Aarão e seus descendentes. Cohanim é o plural de Cohen, que quer dizer sacerdote.
Levitas – toda a tribo de Levi

Os Cohanim faziam a efetiva entregas das ofertas, enquanto os levitas eram um grupo auxiliar que executava outras funções. No deserto, a sua principal função era levar o Mishkan portátil;

Uma vez que o templo foi construído, suas principais funções eram o acompanhamento musical no serviço do Templo, e servindo como guardião do portão.

Côrach era um levita, que tinha uma das posições de maior prestígio – transportando a Arca com os Dez Mandamentos. Além disso, ele foi o terceiro mais velho dos bisnetos de Levi, depois de Moisés e Aaron.

Nossa leitura da Torá (Números 16:1 -18:32) começa assim:
Números 16:1
1.E desligaram-se da congregação, Côrach,Coré,Côrach, filho de Itzar, filho de Kehat, filho de Levi, tomou consigo a Datan e a Abiram, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelet, filhos de Rúben.

Esta porção semanal registra a primeira revolta contra a autoridade de Moisés e Aarão. Os interesses pessoais de Côrach motivaram a sua rebeldia.

O descontentamento deste,segundo o Midrash,surgiu porque Elisafan, seu primo irmão, obteve um cargo ao qual Côrach se achava no direito de ocupar. Midrash Bamidbar 553

Porém, Elisafan era mais apto do que Côrach para as funções que lhe eram confiadas e Moisés o escolheu, pois não podia sacrificar o interesse geral em nome da idade e da família .

Quanto a Datan e Abiram, a tradição nos ensina serem aqueles dois hebreus que brigaram no Egito e disseram então a Moisés: Quem te pôs por homem, príncipe e juiz sobre nós? (Ex 2:13-14)

Eles eram também os mesmos homens que infringiram a prescrição de D’us relativa ao Maná (Ex 16:20). Côrach conhecendo as más disposições destes, apoiou-se sobre esta classe de gente na sua revolta .

Números 16: 2

2.E levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinqüenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, chamados à assembléia, homens de posição,
3.E se levantaram contra Moisés e contra Arão, e lhes disseram: Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?4.Quando Moisés ouviu isso, caiu sobre o seu rosto.

Em todos os tempos, e em todas as sociedades, existem e existirão sempre indivíduos  descontentes, elementos de tendências rebeldes contra liderança da coletividade e as leis que regem a sociedade humana.

Na maior parte dos casos, eles disfarçam o seu desagrado e o seu protesto com motivação altruísta e com argumentos de caráter. Mas, no convívio intimo, descobre-se que só existem interesses egoístas, ambições pessoais e inveja por não ocuparem posições de destaque.

Outros indivíduos sem escrúpulos, agitadores e demagogos, aproveitam-se dos descontentes e colocam se na chefia destes e assim surge uma rebelião.

E para que o povo não os considerasse como vis rebeldes, camuflaram suas intenções sob falsa aparência de idealistas, que procuravam defender a coletividade.

Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?

Côrach,como falamos antes, pertencia a mesma tribo de Moisés e Aarão,e por inveja não quis enxergar que foi incumbência Divina que distinguiu Moisés e Aarão com Liderança e Sacerdócio .

Números 16: 16-19
16Disse mais Moisés a Côrach: Comparecei amanhã tu e toda a tua companhia perante o Senhor; tu e eles, e Arão.    17Tome cada um o seu incensário, e ponha nele incenso; cada um traga perante o Senhor o seu incensário, duzentos e cinqüenta incensários; também tu e Arão, cada qual o seu incensário.    18Tomou, pois, cada qual o seu incensário, e nele pôs fogo, e nele deitou incenso; e se puseram à porta da tenda da revelação com Moisés e Arão.    19E Côrach fez ajuntar contra eles toda o congregação à porta da tenda da revelação; então a glória do Senhor apareceu a toda a congregação

 Números 16: 25-35
25Então Moisés levantou-se, e foi ter com Datã e Abirão; e seguiram-nos os anciãos de Israel.    26E falou à congregação, dizendo: Retirai-vos, peço-vos, das tendas desses homens ímpios, e não toqueis nada do que é seu, para que não pereçais em todos os seus pecados.    27Subiram, pois, do derredor da habitação de Côrach, Datã e Abirão. E Datã e Abirão saíram, e se puseram à porta das suas tendas, juntamente com suas mulheres, e seus filhos e seus pequeninos.    28Então disse Moisés: Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a fazer todas estas obras; pois não as tenho feito de mim mesmo.    29Se estes morrerem como morrem todos os homens, e se forem visitados como são visitados todos os homens, o Senhor não me enviou.    30Mas, se o Senhor criar alguma coisa nova, e a terra abrir a boca e os tragar com tudo o que é deles, e vivos descerem ao Seol, então compreendereis que estes homens têm desprezado o Senhor.  

31E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra que estava debaixo deles se fendeu; 32e a terra abriu a boca e os tragou com as suas famílias, como também a todos os homens que pertenciam a Côrach, e a toda a sua fazenda. 33Assim eles e tudo o que era seu desceram vivos ao Seol; e a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação, 34E todo o Israel, que estava ao seu redor, fugiu ao clamor deles, dizendo: não suceda que a terra nos trague também a nós 35Então saiu fogo do Senhor, e consumiu os duzentos e cinqüenta homens que ofereciam o incenso.

Todo homem tem um mundo interior que se reflete nos seus atos exteriores, e os interesses pessoais afetam muitas vezes uma coletividade inteira.

Uma questão privada de Haman contra Moderchai levou o primeiro a decretar a aniquilação do povo hebreu por inteiro (Ester)
Também aqui vimos Côrach, que por sua ambição de subir ao poder, instiga todo o povo a uma revolta contra Moisés, que era o chefe espiritual modelo, que jamais fez mal a algum deles.

Números 16: 25:  15
Então Moisés irou-se grandemente, e disse ao Senhor: Não atentes para a sua oferta; nem um só jumento tenho tomado deles, nem a nenhum deles tenho feito mal. 

Os sábios ensinam que: ‘os rebeldes foram punidos pela “boca do abismo” porque eles pecaram com suas bocas, falando Lashon HaRá (לָשׁוֹן הָרָה) – Maledicências depreciativas sobre Moisés e Aarão’.

‘E assim como Côrach procurou “tomar o poder” para seus próprios fins, até a própria terra engoliu suas ilusões egoístas e egocêntricas’.

Isso é chamado o princípio bíblico de ‘Midá keneged Midá   מידה קנגד מאדה Medida Por Medida’. “Há conseqüências para nossas ações.

Se você cometer assassinato e afogar outras pessoas num rio para ocultar seu crime, receberá seu castigo na forma de seu crime.
Se você inventar algo injusto para se beneficiar às custas de outros, aquela injustiça terminará por ser usada contra você.

Pelo lado positivo, se você fizer algo que beneficie outros, aquilo também terminará por vir em seu benefício. Em hebraico, é chamado: midá k’neged midá – medida por medida.

Côrach embora fosse rico, estimado entre sua tribo, e honrado com a tarefa de cuidar da Arca da Aliança (ארון הברית), nada disso foi suficiente para ele.

Havia uma fome insaciável, um “ralo” em sua alma, uma inveja implacável, que o levou à loucura e a autodestruição. Côrach (קרח) foi engolido pela sua própria inveja, arrogância e despeito.

A história de Côrach nos adverte contra sermos engolidos pela inveja egoísta ou por procurar os aplausos das pessoas e suas aprovações.

No Reino dos Céus mal’khut hashmayim (מלכות השמים), o sucesso deste sistema mundano é pura ilusão.
Gostaria de mostrar-lhes um comentário sobre este versículo

Números 16: 33  E eles e tudo o que era deles desceram vivos ao abismo, e a terra os cobriu, e desapareceram do meio da congregação.

O Midrash Bamidar Rabá 18 fala das consequências da discórdia (Machalóket)  מַחֲלוֹקֶת  Vejam o comentário do Rabi Berachia no caso de Côrach:

O tribunal terrestre condena os pecadores na idade de 21 anos em diante, o tribunal celeste a partir dos 13 anos. Entretanto, Côrach foi castigado com todos os seus jovens, velhos ,crianças de um dia e crianças maiores sem distinção de idade de acordo com este versículo.

Por esta razão, uma sociedade ou uma família que tem divergências graves em seu interior e contendas entre seu membros, está designada a morrer, e com seu aniquilamento, arrasta consigo pais e filhos, os que são responsáveis e os que não são.

D’us odeia os pertubadores da paz e condena severamente aqueles que a quebram, pois a harmonia é a causa final da criação.
Números 17:1 ( Nm 16:36)
Então falou o ETERNO a Moisés, dizendo: וַיְדַבֵּר יְהוָה, אֶל-מֹשֶׁה לֵּאמֹרviydaber y’haueh, el-mosheh lemor

Na palavra Lemor (Dizendo, para dizer) encontra-se uma ideia. Todas os preceitos da Torá foram dados ao homem para LEMOR (para dizer). A entrega dos preceitos nos obriga a transmiti-lo de geração a geração.

Números 17:2-7 (Nm 16:37)
37Dize a Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, que tire os incensários do meio do incêndio; e espalha tu o fogo longe; porque se tornaram santos    38os incensários daqueles que pecaram contra as suas almas; deles se façam chapas, de obra batida, para cobertura do altar; porquanto os trouxeram perante o Senhor, por isso se tornaram santos; e serão por sinal aos filhos de Israel.    39Eleazar, pois, o sacerdote, tomou os incensários de bronze, os quais aqueles que foram queimados tinham oferecido; e os converteram em chapas para cobertura do altar,    40para servir de memória aos filhos de Israel, a fim de que nenhum estranho, ninguém que não seja da descendência de Arão, se chegue para queimar incenso perante o Senhor, para que não seja como Côrach e a sua companhia; conforme o Senhor dissera a Eleazar por intermédio de Moisés.   .

Côrach provavelmente teria sido esquecido, como aconteceu com os 600.000 israelitas que saíram do Egito, caso não tivesse contestado a liderança de Moisés e Aarão.

Os comentaristas estranham o rigor do castigo aplicado aos rebeldes. Mas é justamente pela severidade do castigo que podemos avaliar a gravidade da falta.

Ao castiga-lo com um tipo de morte incomum na historia, D’us pretendeu demonstrar Sua própria essência e poder como Criador do Universo.

Deixando claro também que quem designou Moisés e Aarão para os cargos que ocupavam foi o próprio Eterno.
Números 17:8-11

8 Sucedeu, pois, no dia seguinte, que Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Arão, pela casa de Levi, brotara, produzira gomos, rebentara em flores e dera amêndoas maduras. 9 Então Moisés trouxe todas as varas e diante do Senhor a todos os filhos de Israel; e eles olharam, e tomaram cada um a sua vara.    10Então o Senhor disse a Moisés: Torna a pôr a vara de Arão perante o testemunho, para se guardar por sinal contra os filhos rebeldes; para que possas fazer acabar as suas murmuraçoes contra mim, a fim de que não morram.    11Assim fez Moisés; como lhe ordenara o Senhor, assim fez.  

Surge aqui a pergunta: Por que o Eterno não mandou fazer esta prova das varas desde o inicio da jornada, para esclarecer a Sua vontade sobre quem escolheria?

Com isso, a Escritura nos dá uma lição estratégica: Não é no momento em que a rebelião começa que as autoridades devem ceder aos rebeldes. A Lei precisa ter a sua força e cada qual deve submeter-se a ela e respeita-la.

Era necessário antes, castigar os mais amotinados e aqueles que continuamente induziam o povo ao erro. Vencida a revolta o Eterno ordenou por meio de Moisés, a prova das varas para manifestar a Sua escolha.

A vara de Aarão brotou em flores e deu amêndoas, com isso, o Eterno queria indicar que a luz e a direção sairiam para o povo, primeiramente da casa de Aarão, o sacerdote, como nas amendoeiras em que brotam a flor e o fruto, muito antes do que nas outras arvores.

Números 18
1Depois disse o Senhor a Arão: Tu e teus filhos, e a casa de teu pai contigo, levareis a iniqüidade do santuário; e tu e teus filhos contigo levareis a iniqüidade do vosso sacerdócio.

Segundo Rashi, o Eterno adverte os sacerdotes que ELE os responsabilizará diretamente pelo erro dos estranhos em tudo o que diz respeito aos objetos sagrados que estavam sobre sua custodia.

Ou seja a arca sagrada, a mesa e os utensílios sagrados. Alem disso os sacerdotes deveriam considerar este serviço uma honra e grande privilégio, e não mera obrigação.

Números 18:8-10
8.Disse mais o Senhor a Arão: Eis que eu te tenho dado a guarda das minhas ofertas alçadas, com todas as coisas santas dos filhos de Israel; por causa da unção as tenho dado a ti e a teus filhos por estatuto perpétuo.9.Isto terás das coisas santíssimas do fogo; todas as suas ofertas com todas as suas ofertas de alimentos, e com todas as suas expiações pelo pecado, e com todas as suas expiações pela culpa, que me apresentarão; serão coisas santíssimas para ti e para teus filhos.

10.No lugar santíssimo as comerás; todo o homem a comerá; santas serão para ti.

Como os sacerdotes não tinham herança de terra, o Eterno concedeu-lhes outras fontes de renda.

Que podem ser resumidas em: porções dos sacrifícios e das oblações de farinha e azeite que as acompanham,(Terumá Guedolá),aproximadamente 2% das colheitas de trigo, azeite e vinho,primícias de certos produtos agrícolas,

Coisas consagradas ao santuário : primogênitos de animais,Dízimo do dízimo que recebiam,primícias da lã,etc.

Números 18:19
Todas as ofertas alçadas das coisas santas, que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas filhas contigo, por estatuto perpétuo; aliança perpétua de sal perante o Senhor é, para ti e para a tua descendência contigo.

Segundo o Midrash o Eterno diz que o sal nunca haverá de estragar e cheirar mal.

Números 18:21
E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação.

Este Dízimo era oferecido aos Levitas pelos agricultores e pecuaristas e era chamado Maasser Rishom.

Números 18:26
Também falarás aos levitas, e dir-lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos tenho dado por vossa herança, deles oferecereis uma oferta alçada ao Senhor, os dízimos dos dízimos.

Este Dizimo conhecido com Terumat Maasser era oferecido aos Levitas pelos Sacerdotes. Esta oferta trazia uma lição de valor educativo: Mesmo o Levita que vivia das ofertas do povo de Israel, ele também deveria dar do que era seu para outro,no caso o sacerdote.

A ajuda ao próximo e a caridade devem ser exercidas por todos, mesmo os que dependem de doações para viver. Isto confere dignidade a estas pessoas que por sua dependência econômica poderiam sentir-se diminuídas frente aos demais.

Números 18:32
Assim, não levareis sobre vós o pecado, quando deles oferecerdes o melhor; e não profanareis as coisas santas dos filhos de Israel, para que não morrais.

A Torá previne os sacerdotes e levitas para não profanarem as doações do povo de Israel e que cumpram tudo aquilo que fora estipulado a esse respeito. Se assim não fizerem,será considerado uma profanação do nome do Eterno.

Abolir tais valores ou desvirtua-los conduzirá irremediavelmente a profanação do nome do Eterno.Tal conduta pode até colocar em risco a continuidade de Israel como povo.

Esta mensagem subliminar no final desta Parashá que descreve uma revolta contra a autoridade dos poderes constituídos pelo próprio Eterno logo após a Parasha Shelach ,

que descreve como a descrença em D’us desencadeou uma enorme tragédia sobre Israel, provocando a perda de toda uma geração nas areias do deserto,

com certeza nos levará a refletir sobre a importância da fé plena no Criador do Universo e na obediência consciente aos seus ensinamentos.