Festival de Fantasias 

Uma excelente fórmula para se preservar teologias estimadas e negar verdades dolorosas é ler a bíblia de forma seletiva e descontextualizada.

Os homens costumam se deixar enganar com o objetivo de preservar estruturas emocionais familiares. Esse processo pode até estabilizar os indivíduos por algum tempo, afinal de contas, a esperança de que tudo é conforme eu acredito é bastante tentadora.

Um problema grave dessa abordagem é que o foco dela é o próprio homem, ou seja, o homem e suas necessidades são a essência desse tipo de fé. Outra falha grave é que quando a realidade finalmente suplanta as fantasias religiosas, o sujeito se desorienta e corre o risco até mesmo de colapso.

O melhor antídoto para se combater esse tipo de problema é aprender a ler a bíblia não conforme os desejos e necessidades do momento, e estudá-la usando a inteligência, a lógica e a revelação. 

Esses três ingredientes não são antagônicos. Muito antes pelo contrário, se reforçam mutuamente.

Uma das leituras anacrônicas mais populares se encontra nos famosos versos: 

Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. II Crônicas 7.14

Pessoas dos mais variados estilos de vida, costumam tomar para si, para seu momento particular ou coletivo as palavras acima desconsiderando que elas foram dedicadas ao povo judeu em circunstâncias completamente diferentes.

Além de descartarem o contexto do texto de forma a favorecer seus anseios momentâneos, seletivamente ignoram as palavras escritas algumas linhas abaixo que dizem:

Porém, se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos e os meus mandamentos, que vos prescrevi, e fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, vos arrancarei da minha terra que vos dei, e esta casa, que santifiquei ao meu nome, lançarei longe da minha presença (…)   II Crônicas 7. 19 – 20a

A fé popular parece ser bastante seletiva, porém falha em preservar um mínimo de coerência.

Acreditar naquilo que soa bem e deixar em segundo plano o que é desagradável, é uma estratégia de marketing  bastante eficiente e mantém as multidões “avivadas”.

Para desprazer de tantos “profetas” da atualidade e para desespero de tantas pessoas que oram enganadas ainda que ajoelhadas, teologias incompletas só funcionam dentro das reuniões carismáticas, mas não possuem luz suficiente para brilhar em tempos de escuridão. 

É hora de abandonarmos leituras anacrônicas.
É tempo de redescobrir o caminho. 

Texto original em: https://redescobrindoocaminho.com.br/artigos/festival-de-fantasias/

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